Fazia mais de dez anos desde minha última visita, mas a cidade não mudou muita coisa.
Também não quero discorrer aqui sobre a cidade, que não tem nada de diferente. É mais uma dessas milhares de cidadezinhas pequenas do interior de São Paulo, onde muita gente ainda vive da roça. O que tem de especial lá é parte da minha família que nunca moraram em outro lugar.
Tios-avós, primos de terceiro grau, filhos dos primos, enfim, uma gentarada. Ficamos hospedadas na casa da minha tia Isabel, minha tia-avó, irmã mais velha da minha vó por parte de mãe. Ela tem 86 anos e só se mudou da roça para cidade, mas sem sair de Junqueirópolis. Ela tem mais disposição que todas as senhoras de São Paulo que eu conheço juntas. Sem exagero. Anda pra lá e pra cá, faz comida, lava louça, lava roupa na mão (máquina é frescura, ela disse que ainda em força pra torcer a roupa na mão), caminha embaixo do sol escaldante, enfim, faz todas as atividades de uma pessoa que mora sozinha.
Com ela visitamos alguns parentes e conhecidos, como as três irmãs solteiras, que tem casa na cidade e tem também sítio. No sítio, onde o Fidel quase levou um coice de uma vaca, conheci o pai delas, um senhor muito simpático de 87 anos, que estava colhendo café quando a gente chegou. Explicou que não faz pelo dinheiro, mas por sentir vontade de trabalhar, ele disse: Eu gosto muito de trabalhar na terra, não penso em parar. Enquanto tiver disposição, vou continuar. Além de trabalhar, aos sábados ele pega o carro e vai pros bailes dançar. E vc aí cansado?! ;)
Meu tio-avô também me fez parar pra pensar. Ele tem 80 anos, nos levou pra visitar o lugar onde ficava o sítio que minha família morava, onde minha mãe e minhas tias nasceram e viveram a infância toda. A terra foi arrendada para plantação da cana e não restou mais nenhuma casa pra contar história. Ele contou com lágrima nos olhos que quando a usina arrancou o pé de coqueiro que ele plantou ele chorou feito criança. E finalizou: É muita mudança na vida da gente! Fomos no carro dele, que ele dirige muito bem por sinal e não precisa usar óculos. Ele não tem porte de idoso, está super bem de saúde, magro e muito disposto. Aproveitou a visita e colheu do pé vários legumes fresquinhos da horta dele, tudo fresco e sem agrotóxico.
Tudo Fresquinho :))) |
Meus parentes conhecem quase todo mundo na cidade. Podem andar tranquilos pela rua, deixar as janelas abertas. As pessoas se frequentam, se preocupam umas com as outras. Fazem doce e convidam os vizinhos pra comer. Lá eles tem o grupo da terceira idade, que promove jogos, bailes, viagens, enfim, várias maneiras de fazer o pessoal se encontrar e se distrair. O que eles tem lá é qualidade de vida.
A vista bonita e o ar puro |
Tem sim, tio Zé, ô se tem.........
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