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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Junqueirópolis

Nesse feriado fui a Junqueirópolis, cidade da minha mãe que fica cerca de 670 km de São Paulo.
Fazia mais de dez anos desde minha última visita, mas a cidade não mudou muita coisa.
Também não quero discorrer aqui sobre a cidade, que não tem nada de diferente. É mais uma dessas milhares de cidadezinhas pequenas do interior de São Paulo, onde muita gente ainda vive da roça. O que tem de especial lá é parte da minha família que nunca moraram em outro lugar.

Tios-avós, primos de terceiro grau, filhos dos primos, enfim, uma gentarada. Ficamos hospedadas na casa da minha tia Isabel, minha tia-avó, irmã mais velha da minha vó por parte de mãe. Ela tem 86 anos e só se mudou da roça para cidade, mas sem sair de Junqueirópolis. Ela tem mais disposição que todas as senhoras de São Paulo que eu conheço juntas. Sem exagero. Anda pra lá e pra cá, faz comida, lava louça, lava roupa na mão (máquina é frescura, ela disse que ainda em força pra torcer a roupa na mão), caminha embaixo do sol escaldante, enfim, faz todas as atividades de uma pessoa que mora sozinha.

Com ela visitamos alguns parentes e conhecidos, como as três irmãs solteiras, que tem casa na cidade e tem também sítio. No sítio, onde o Fidel quase levou um coice de uma vaca, conheci o pai delas, um senhor muito simpático de 87 anos, que estava colhendo café quando a gente chegou. Explicou que não faz pelo dinheiro, mas por sentir vontade de trabalhar, ele disse: Eu gosto muito de trabalhar na terra, não penso em parar. Enquanto tiver disposição, vou continuar. Além de trabalhar, aos sábados ele pega o carro e vai pros bailes dançar. E vc aí cansado?! ;)

Meu tio-avô também me fez parar pra pensar. Ele tem 80 anos, nos levou pra visitar o lugar onde ficava o sítio que minha família morava, onde minha mãe e minhas tias nasceram e viveram a infância toda. A terra foi arrendada para plantação da cana e não restou mais nenhuma casa pra contar história. Ele contou com lágrima nos olhos que quando a usina arrancou o pé de coqueiro que ele plantou ele chorou feito criança. E finalizou: É muita mudança na vida da gente! Fomos no carro dele, que ele dirige muito bem  por sinal e não precisa usar óculos. Ele não tem porte de idoso, está super bem de saúde, magro e muito disposto. Aproveitou a visita e colheu do pé vários legumes fresquinhos da horta dele, tudo fresco e sem agrotóxico.

Tudo Fresquinho :)))
Esses dias convivendo e conversando com pessoas tão simples e tão felizes, me fizeram parar e pensar bastante sobre a vida que a gente leva, sobre as coisas que damos tanta importância e as coisas que são realmente importantes. Senti até vergonha de ser tão fútil e materialista. Pensei bastante em como os velhos que moram no interior parecem ser muito mais livres e felizes que os velhos que moram em São Paulo.

Meus parentes conhecem quase todo mundo na cidade. Podem andar tranquilos pela rua, deixar as janelas abertas. As pessoas se frequentam, se preocupam umas com as outras. Fazem doce e convidam os vizinhos pra comer. Lá eles tem o grupo da terceira idade, que promove jogos, bailes, viagens, enfim, várias maneiras de fazer o pessoal se encontrar e se distrair. O que eles tem lá é qualidade de vida.

A vista bonita e o ar puro
Meu tio-avô veio conversar comigo e me disse: - Sabe Fernanda, aqui a gente não tem grandes empresas, nem muito dinheiro, mas aqui todo mundo nos conhece, viajamos durante duas semanas e ninguém mexeu em nada na nossa casa. Nós temos essa vista linda e nós temos ar puro. Isso também tem o seu valor, não é?

Tem sim, tio Zé, ô se tem.........

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